Sabula Nanã Buruque!
26 de Julho é dia
consagrado a Nanã, sincretizada como Senhora Sant'Ana, a mãe mais velha, a avó.
Nanã representa na Umbanda a sabedoria, a transmutação, a origem, a
ancestralidade. Seus falangeiros, além de trabalhar nestes aspectos trabalham
também na linha de cura espiritual, física e psíquica. Seu dia é segunda-feira;
sua cor é lilás e a saudação é Saluba Nanã! Que quer dizer ''nos refugiamos em
Nanã". Dentro dos cultos do candomblé filhos homens não ''viram'' em Nanã,
por conta de tradições ligadas a itans africanos que justificam o culto; na
umbanda porém, filhos do sexo masculino recebem a energia desta grande mãe de
Aruanda.
De acordo com as lendas
africanas, Nanã é a mais velha divindade do panteão, associada às águas
paradas, à lama dos pântanos, ao lodo do fundo dos rios e dos mares. O único
Orixá que não reconheceu a soberania de Ogum por ser o dono dos metais. É tanto
reverenciada como sendo a divindade da vida, como da morte. Seu símbolo é o
Íbíri - um feixe de ramos de folha de palmeira com a ponta curvada e enfeitado
com búzios.
Nana é a chuva e a garoa.
O banho de chuva é uma lavagem do corpo no seu elemento, uma limpeza de grande
força, uma homenagem a este grande orixá. Nanã Buruquê representa a junção
daquilo que foi criado por Deus. Ela é o ponto de contato da terra com as
águas, a separação entre o que já existia, a água da terra por mando de Deus,
sendo, portanto também sua criação simultânea a da criação do mundo.
Com a junção da água e a terra surgiu o Barro.
O Barro com o Sopro Divino representa Movimento.
O Movimento adquire Estrutura.
Movimento e Estrutura surgiu a criação, O Homem.
Portanto, para alguns,
Nanã é a Divindade Suprema que junto com Zambi fez parte da criação, sendo ela
responsável pelo elemento Barro, que deu forma ao primeiro homem e de todos os
seres viventes da terra, e da continuação da existência humana e também da
morte, passando por uma transmutação para que se transforme continuamente e
nada se perca.
Nanã faz o caminho inverso
da mãe da água doce. É ela quem reconduz ao terreno do astral, as almas dos que
Oxum colocou no mundo real. É a deusa do reino da morte, sua guardiã, quem
possibilita o acesso a esse território do desconhecido.
A senhora do reino da
morte é, como elemento, a terra fofa, que recebe os cadáveres, os acalenta e
esquenta, numa repetição do ventre, da vida intra-uterina. É, por isso, cercada
de muitos mistérios no culto e tratada pelos praticantes da Umbanda e do
Candomblé, com menos familiaridade que os Orixás mais extrovertidos como Ogum e
Xangô, por exemplo.
Muitos são, portanto os
mistérios que Nanã esconde, pois nela entram os mortos e através dela são
modificados para poderem nascer novamente. Só através da morte é que poderá
acontecer para cada um a nova encarnação, para novo nascimento, a vivência de
um novo destino – e a responsável por esse período é justamente Nanã. Ela é
considerada pelas comunidades da Umbanda e do Candomblé, como uma figura
austera, justiceira e absolutamente incapaz de uma brincadeira ou então de
alguma forma de explosão emocional. Por isso está sempre presente como
testemunha fidedigna das lendas. Jurar por Nanã, por parte de alguém do culto,
implica um compromisso muito sério e inquebrantável, pois o Orixá exige de seus
filhos-de-santo e de quem a invoca em geral sempre a mesma relação austera que
mantém com o mundo.
Nanã forma par com
Obaluaiê. E enquanto ela atua na decantação emocional e no adormecimento do
espírito que irá encarnar, ele atua na passagem do plano espiritual para o
material (encarnação), o envolve em uma irradiação especial, que reduz o corpo
energético ao tamanho do feto já formado dentro do útero materno onde está
sendo gerado, ao qual já está ligado desde que ocorreu a fecundação. Este
mistério divino que reduz o espírito, é regido por nosso amado pai Obaluaiê,
que é o "Senhor das Passagens" de um plano para outro.
Já nossa amada mãe Nanã,
envolve o espírito que irá reencarnar em uma irradiação única, que dilui todos
os acúmulos energéticos, assim como adormece sua memória, preparando-o para uma
nova vida na carne, onde não se lembrará de nada do que já vivenciou. É por
isso que Nanã é associada à senilidade, à velhice, que é quando a pessoa começa
a se esquecer de muitas coisas que vivenciou na sua vida carnal.
Portanto, um dos campos
de atuação de Nanã é a "memória" dos seres. E, se Oxóssi aguça o
raciocínio, ela adormece os conhecimentos do espírito para que eles não
interfiram com o destino traçado para toda uma encarnação.
Em outra linha da vida,
ela é encontrada na menopausa. No inicio desta linha está Oxum estimulando a
sexualidade feminina; no meio está Yemanjá, estimulando a maternidade; e no fim
está Nanã, paralisando tanto a sexualidade quanto a geração de filhos.
Nanã, é um Orixá feminino
cujo culto surgiu em Daomé e foi incorporado há séculos pela mitologia iorubá,
quando o povo nagô conquistou o povo Daomeano (atual Republica do Benin), assimilando sua cultura e incorporando alguns Orixás dos dominados à sua
mitologia já estabelecida. Esta grande Orixá, mãe e avó, é protetora dos homens
e criaturas idosas, padroeira da família, tem o domínio sobre as enchentes, as
chuvas, bem como o lodo produzido por essas águas.
Abraços
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