Salve o dia 5 de Outubro
Ewé ó!
Kó si ewé, kó sí Òrìsà, ou seja, sem folhas
não há orixá, elas são imprescindíveis aos rituais do Candomblé. Cada orixá
possui suas próprias folhas, mas só Ossaim (Òsanyìn) conhece os seus segredos,
só ele sabe as palavras (ofó) que despertam seu poder, sua força. Ossaim
desempenha uma função fundamental no Candomblé, visto que sem folhas, sem sua
presença, nenhuma cerimônia pode se realizar, pois ele detém o axé que desperta
o poder do ‘sangue’ verde da folhas. As folhas de Ossaim veiculam o axé oculto,
pois o verde é uma das qualidades do preto. As folhas e as plantas constituem a
emanação direta do poder da terra fertilizada pela chuva. São como as escamas e
as penas, que representam o procriado. O sangue das folhas é uma das forças
mais poderosas, que traz em si o poder do que nasce e do que advém. É preciso
esclarecer que o sangue (ejé) é um elemento essencial no Candomblé. Três são os
tipos de sangue: o vermelho, dos animais, do azeite-de-dendê, do mel; o preto
(verde), do sumo das folhas, e o branco, do sêmen, do vinho de palma, da água.
As folhas constituem o fundamento inicial do Candomblé. Antes de passar por
qualquer ritual, o neófito tomará o banho de ervas (amassi) que o purificará e
será sua primeira consagração dentro do culto. É com o amassi que se lavam os
colares, os objetos rituais do ibá, a cabeça, a alma e o corpo dos iniciados. É
sobre as folhas sagradas de ossaim que repousará o iaô em sua consagração ao
orixá. É com as folhas que os animais consentem o sacrifício. Ossaim é,
portanto, a primeira consagração no Candomblé: primeira e constante, pois a
folha faz parte do dia-a-dia dos adeptos do Candomblé; Ossaim é imprescindível
à religião, aos orixás e aos iniciados. Todas as folhas possuem poder, mas
algumas têm finalidades específicas e não servem para o banho ritual. Nem todas
as folhas servem para os ritos do Candomblé. Nos banhos de amassi, por exemplo,
devem ser utilizadas folhas não-leitosas que não queimem; outras, como o
Oju-orô, devem passar por uma preparação especial antes de ser utilizadas nos
banhos. Em outros termos, existem folhas que podem ser usadas nos rituais e
folhas que não podem; outras devem passar por ritos especiais, algumas folhas
não servem para o banho. Enfim, as folhas possuem inúmeras utilidades dentro e
fora do Candomblé, mas é preciso que o sacerdote saiba utilizá-las de maneira
correta. Ossaim é o grande sacerdote das folhas, grande feiticeiro, que por
meio das folhas pode realizar curas e milagres, pode trazer progresso e
riqueza. È nas folhas que está à cura para todas as doenças, do corpo ou do
espírito. Portanto, precisamos lutar por sua preservação, para que
conseqüências desastrosas não atinjam os seres humanos. A floresta é a casa de
Ossaim, que divide com outros orixás do mato, como Ogum e Oxóssi, seu
território por excelência, onde as folhas crescem em seu estado puro, selvagem,
sem a interferência do homem; é também o território do medo, do desconhecido,
motivo pelo qual nenhum caçador deve penetrar na floresta na mata sem deixar na
entrada alguma oferenda, como alho, fumo ou bebida. Medo de que? Medo dos encantamentos
da floresta, medo do poder de Ogum, de Oxóssi, de Ossaim; respeito pelas forças
vivas da natureza, que não permitem a pessoas impuras ou mal-intencionadas
penetrar em sua morada. Se nela entrarem, talvez jamais encontrem o caminho de
volta. Ossaim teria um auxiliar que se responsabilizaria por causar o terror em
pessoas que entram na floresta sem a devida permissão. Aroni seria um
misterioso anãozinho perneta que fuma cachimbo (figura bastante próxima ao
Saci-Pererê), possui um olho pequeno e o outro grande (vê com o menor) e tem
uma orelha pequena e a outra grande (ouve com a menor). Muitas vezes Aroni é
confundido com o próprio Ossaim, que, segundo dizem, também possui uma única
perna. Não se pode por isso confundir Ossaim com o Saci-Pererê, que é um
personagem do folclore brasileiro. Ossaim é orixá de grande fundamento, que
possui uma só perna porque a árvore, base de todas as folha possui um só
tronco. De acordo com a história desse orixá, há uma rivalidade entre Ossaim e
Orunmilá, que reflete, na verdade, a antiga disputa entre os Oníìsegùn -
mestres em medicina natural que dominavam o poder das folhas - e os Babalawó -
sacerdotes versados nos profundos mistérios do cosmo e do destino dos seres, os
pais do segredo. Ossaim é um orixá originário da região de Iraó, na Nigéria,
muito próxima à fronteira com o antigo Daomé. Não faz parte, como muitos
pensam, do panteão jeje assimilado pelos nagô, como Nana, Omolu, Oxumaré e Ewá.
Ossaim é um deus originário da etnia ioruba. Contudo, é evidente que entre os
jeje havia um deus responsável pelas folhas, e Ágüe é o seu nome, por isso
Ossaim dança bravun e sató, a exemplo dos deuses do antigo Daomé.Uma confusão
latente se refere ao sexo de Ossaim; é preciso esclarecer que se trata de um
orixá do sexo masculino. Entretanto, como feiticeiro e estudioso das plantas,
não teve tempo de relacionamentos amorosos. Sabe-se que foi parceiro de Iansã,
mas o controvertido relacionamento com Oxóssi, que ninguém pode afirmar se foi
ou não amoroso, é o mais comentado. Na verdade, Ossaim e Oxóssi possuem
inúmeras afinidades: ambos são orixás do mesmo espaço, da floresta, do mato,
das folhas, grandes feiticeiros e conhecedores dos segredos da mata, da Terra.
Ewé ó!
Ossaim
DIA: Quinta-feira.
DATA: 5 de outubro.
SAUDAÇÃO: Ewé ó!
METAL: Estanho.
CORES: Verde e branco.
COMIDAS: Fumo, mel, milho vermelho, espigas
regadas com mel.
SÍMBOLOS: Haste ladeada por sete lanças com um
pássaro no topo (árvore estilizada).
ELEMENTOS: Floresta e plantam selvagens
(terra).
FOLHAS: Peregun, são-gonçalinho, garobinha-mas
toda as folhas são de Ossaim.
O Arquétipo
de Ossaim
Os filhos de Ossaim são pessoas extremamente
equilibradas e cautelosas, que não permitem que suas simpatias ou antipatias
interfiram em suas opiniões sobre os outros. Controlam perfeitamente seus
sentimentos e emoções. Possuem grande capacidade de discernimento e são frios e
racionais em suas decisões. São pessoas extremamente reservadas, não se metem
em questões que não lhe dizem respeito. Participam de poucas atividades
sociais, preferindo o isolamento. Elas evitam falar sobre sua vida, sobre seu
passado, preferem manter certa aura de mistério. Geralmente, não têm nada de
mais a esconder, mas desejam manter reserva. Pressa e ansiedade não fazem parte
de suas características, pois são pessoas detalhistas e caprichosas no
cumprimento de suas tarefas. Possuem gosto por atividades artesanais que exigem
isolamento e paciência; não gostam de ter chefe nem subalternos, não se prendem
a horários, apreciam a independência para fazer o que gostam na hora que
querem. São pessoas fascinadas com as regras e tradições, adoram questioná-las.
Possuem um gosto exacerbado pela religiosidade.
Alda de Oxum
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