Tanto nos cultos
umbandistas quanto nas diversas nações do candomblé, as ervas estão sempre
presentes em todos os tipos de trabalhos e obrigações. Dentro da mitologia
africana existem lendas (itans) que contam como cada orixá recebeu de Ossaim (Orixá
cultuado nos candomblés, Senhor das Folhas) o segredo, a magia de cada folha.
Exu, orixá mensageiro, senhor dos limites, também tem suas folhas e mirongas.
Dentro da umbanda
utilizamos as folhas de Exu nas limpezas e consagração de imagens e outros
materiais pertinentes aos nossos Exus compadres e comadres, que são entidades
que representam a energia do Orixá Exu e trabalham na umbanda por evolução
espiritual, guiados pela energia de Exu e dos Orixás para quais trabalham.
Mas as folhas de Exu não
servem só para se tratar espiritualmente dos ‘assentamentos’, elas também
servem para descargas pesadas, para defumações, para limpezas de comércios,
além de algumas terem funções medicinais. Vejamos abaixo algumas ervas de Exu e
suas funções nos cultos e em nosso dia-a-dia.
Amendoeira: Seus galhos são usados nos locais em que o homem exerce suas atividades lucrativas. Na medicina caseira, seus frutos são comestíveis, porém em grande quantidade causam diarreia de sangue. Das sementes fabrica-se o óleo de amêndoas, muito usado para fazer sabonetes por ter efeitos emolientes, além de amaciar a pele.
Amoreira: Planta que armazena fluidos negativos e
os soltam ao entardecer; é usada pelos sacerdotes no culto a Eguns. Na medicina
caseira, é usada para debelar as inflamações da boca e garganta.
Angelim-amargoso: Muito usado em marcenaria, por
tratar-se de madeira de lei. Nos rituais, suas folhas e flores são utilizadas
nos abô dos filhos de Nanã, e as cascas são utilizadas em banhos fortes com a
finalidade de destruir os fluidos negativos que possa haver, realizando um
excelente descarrego nos filhos de Exu. A medicina caseira indica o pó de suas
sementes contra vermes. Mas cuidado! Deve ser usada em doses pequenas.
Aroeira: Nos terreiros de Candomblé este vegetal
pertence a Exu e tem aplicação nas obrigações de cabeça, nos sacudimentos, nos
banhos fortes de descarrego e nas purificações de pedras. É usada como
adstringente na medicina caseira, apressa a cura de feridas e úlceras, e
resolve casos de inflamações do aparelho genital. Também é de grande eficácia
nas lavagens genitais.
Arrebenta Cavalo: No uso ritualístico esta erva é
empregada em banhos fortes do pescoço para baixo, em hora aberta. É também
usado em magias para atrair simpatia. Não é usada na medicina caseira.
Arruda: Planta aromática usada nos rituais
porque Exu a indica contra maus fluidos e olho-grande. Suas folhas miúdas são
aplicadas nos ebori, banhos de limpeza ou descarrego, o que é fácil de
perceber, pois se o ambiente estiver realmente carregado a arruda morre. Ela é
também usada como amuleto para proteger do mau-olhado. Seu uso restringe-se à
Umbanda. Em seu uso caseiro é aplicada contra a verminose e reumatismos, além
de seu sumo curar as feridas.
Avelós – Figueira-do-diabo: Seu uso se restringe a purificação das
pedras do orixá antes de serem levadas ao assentamento; é usada socada. A
medicina caseira indica esta erva para combater úlceras e resolver tumores.
Azevinho: Muito utilizada na magia branca ou
negra, ela é empregada nos pactos com entidades. Não é usada na medicina
popular.
Bardana: Aplicada nos banhos fortes, para livrar
o sacerdote das ondas negativas e eguns. O povo utiliza sua raiz cozida no
tratamento de sarnas, tumores e doenças venéreas.
Beladona: Nas cerimônias litúrgicas só tem
emprego nos sacudimentos domiciliares ou de locais onde o homem exerça
atividades lucrativas. Trabalhos feitos com os galhos desta planta também
provocam grande poder de atração. Pouco usada pelo povo devido ao alto
princípio ativo que nela existe. Este princípio dilata a pupila e diminui as
secreções sudorais, salivares, pancreáticas e lácteas.
Beldroega: Usada na purificação das pedras de Exu.
O povo utiliza suas folhas, socadas, para apressar cicatrizações de feridas.
Brinco-de-princesa: É planta sagrada de Exu. Seu uso se
restringe a banhos fortes para proteger os filhos deste orixá. Não possui uso
popular.
Cabeça-de-nego: No ritual a rama é empregada nos banhos
de limpeza e o bulbo nos banhos fortes de descarrego. Esta batata combate
reumatismo, menstruações difíceis, flores brancas e inflamações vaginais e
uterinas.
Cajueiro: Suas folhas são utilizadas pelo axogun
para o sacrifício ritual de animais quadrúpedes. Em seu uso caseiro, ele
combate corrimentos e flores brancas. Põe fim a diabetes. Cozinhar as cascas em
um litro e meio de água por cinco minutos e depois fazer gargarejos põe fim ao
mau hálito.
Cana-de-açúcar: Suas folhas secas e bagaços são usadas
em defumações para purificar o ambiente antes dos trabalhos ritualísticos, pois
essa defumação destrói eguns. Não possui uso na medicina caseira.
Cardo-santo: Essa planta afugenta os males, propicia
o aparecimento do perdido e faz cair os vermes do corpo dos animais. Na
medicina caseira suas folhas são empregadas em oftalmias crônicas, enquanto as
raízes e hastes são empregadas contra inflamações da bexiga.
Catingueira: É muito empregada nos banhos de
descarrego. Seu sumo serve para fazer a purificação das pedras. Entretanto, não
deve fazer parte do axé de Exu onde se depositam pequenos pedaços dos axé das
aves ou bichos de quatro patas. Na medicina caseira ela é indicada para
menstruações difíceis.
Cebola-cencém: Essa cebola é de Exu e nos rituais seu
bulbo é usado para os sacudimentos domiciliares. É empregada da seguinte
maneira : corta-se a cebola em pedaços miúdos e, sob os cânticos de Exu,
espalha-se pelos cantos dos cômodos e embaixo dos móveis; a seguir, entoe o canto
de Ogum e despache para Exu. Este trabalho auxilia na descoberta de falsidades
e objetos perdidos. O povo utiliza suas folhas cozidas como emoliente.
Cunanã: Seu uso restringe-se aos banhos de
descarrego e limpeza. Substituiu em parte, os sacrifícios a Exu. A medicina
caseira indica os galhos novos desta planta para curar úlceras.
Erva-preá: Empregada nos banhos de limpeza,
descarrego, sacudimentos pessoais e domiciliares. O povo usa o chá desta erva
como aromatizante e excitante. Banhos quentes deste chá melhoram as dores nas
articulações, causadas pelo artritismo.
Facheiro-Preto: Aplicada somente nos banhos fortes de
limpeza e descarrego. Na medicina caseira, ela é utilizada nas afecções renais
e nas diarréias.
Fedegoso Crista-de-galo: Esta erva é utilizada em banhos fortes,
de descarrego, pois é eficaz na destruição de Eguns e causadores de
enfermidades e doenças. Seus galhos envolvem os ebó de defesa. Com flores e
sementes desta planta é feito um pó, o qual é aplicado sobre as pessoas e em
locais; é denominado “o pó que faz bem”. Na medicina caseira atua com excelente
regulador feminino. Além de agir com grande eficácia sobre erisipelas e males
do fígado. É usada pelo povo, fazendo o chá com toda erva e bebendo a cada duas
horas uma xícara.
Fedegoso: Misturada a outras ervas pertencentes a
Exu, o fedegoso realiza os sacudimentos domiciliares. É de grande utilidade
para limpar o solo onde foram riscados os pontos de Exu e locais de despacho
pertencentes ao deus da liberdade.
Figo Benjamim: Erva usada na purificação de pedras ou
ferramentas e na preparação do fetiche de Exu. É empregada também em banhos
fortes nas pessoas obsediadas. No uso popular, suas folhas são cozidas para
tratar feridas rebeldes e debelar o reumatismo.
Figo do Inferno: Somente as folhas pertencentes a este vegetal são de Exu. Na
liturgia, ela é o ponto de concentração de Exu. Não possui uso na medicina
popular.
Folha da Fortuna: É empregada em todas as obrigações de
cabeça, em banhos de limpeza ou descarrego e nos abôs de quaisquer
filhos-de-santo. Na medicina caseira é consagrada por sua eficácia, curando
cortes, acelerando a cura nas cicatrizações, contusões e escoriações, usando as
folhas socadas sobre os ferimentos. O suco desta erva, puro ou misturado ao
leite, ameniza as conseqüências de tombos e quedas.
Juá – Juazeiro: É usada para complementar banhos fortes
e raramente está incluída nos banhos de limpeza e descarrego. Seus galhos são
usados para cobrir o ebó de defesa. A medicina caseira a indica nas doenças do
peito, nos ferimentos e contusões, aplicando as cascas, por natureza, amargas.
Jurema Preta: Tanto na Umbanda quanto no Candomblé, a
Jurema Preta é usada nos banhos de descarrego e nos ebó de defesa. O povo a
indica no combate a úlceras e cancros, usando o chá das cascas.
Jurubeba: Utilizada em banhos preparatórios de
filhos recolhidos ao ariaxé. Na medicina caseira, o chá de suas folhas e frutos
propiciam um melhor funcionamento do baço e fígado. É poderoso desobstruente e
tônico, além de prevenir e debelar hepatite. Banhos de assentos mornos com essa
erva propiciam melhores às articulações das pernas.
Lanterna Chinesa: Utilizada em banhos fortes para
descarregar os filhos atacados por eguns. Suas flores enfeitam a casa de Exu.
Popularmente, é usada como adstringente e a infusão das flores é indicada para
inflamação dos olhos.
Laranjeira do Mato: Seu uso se restringe a banhos fortes,
de limpeza e descarrego. Na medicina caseira ela atua com grande eficácia sobre
as cólicas abdominais e também menstruais.
Mamão Bravo: Planta utilizada nos banhos de limpeza,
descarrego e nos banhos fortes. Além de ser muito empregada nos ebó de defesa,
sendo substituída de três em três dias, porque o orixá exige que a erva esteja
sempre nova. O povo a utiliza para curar feridas.
Maminha de Porca: Somente seus galhos são usados no
ritual e em sacudimentos domiciliares. O povo a indica como restaurador
orgânico e tonificador do organismo. Sua casca cozida tem grande eficácia sobre
as mordeduras de cobra.
Mamona: Suas folhas servem como recipiente para
arriar o ebó de Exu. Suas sementes socadas vão servir para purificar o otá de
Exu. Não tem uso na medicina popular.
Mangue Cebola: No ritual, a cebola é usada nos
sacudimentos domiciliares. Corte a cebola em pedaços miúdos e, entoando em voz
alta o canto de Exu, a espalhe pela casa, nos cantos e sob os móveis. Na
medicina caseira, a cebola do mangue esmagada cura feridas rebeldes.
Mangueira: É aplicada nos banhos fortes e nas
obrigações de ori, misturada com aroeira, pinhão-roxo, cajueiro e
vassourinha-de-relógio, do pescoço para baixo. Ao terminar, vista uma roupa
limpa. As folhas servem para cobrir o terreiro em dias de abaçá. Na medicina
caseira é indicada para debelar diarréias rebeldes e asma. O cozimento das
folhas, em lavagens vaginais, põe fim ao corrimento.
Manjerioba: Utilizada nos banhos fortes, nos
descarregos, nas limpezas pessoais e domiciliares e nos sacudimentos pessoais,
sempre do pescoço para baixo. O povo a indica como regulador menstrual,
beneficiando os órgãos genitais. Utiliza-se o chá em cozimento.
Maria Mole: Aplicada nos banhos de limpeza e
descarrego, muito procurada para sacudimentos domiciliares. O povo a indica em
cozimento nas dispepsias e como excelente adstringente.
Mata Cabras: Muito utilizado para afugentar eguns e
destruir larvas astrais. As pessoas que a usam não devem tocá-la sem cobrir as
mãos com pano ou papel, para depois despachá-la na encruzilhada. O povo indica
o cozimento de suas folhas e caules para tirar dores dos pés e pernas, com
banho morno.
Mata Pasto: Seus galhos são muito utilizados nos
banhos de limpeza, descarrego, nos sacudimentos pessoais e domiciliares. O povo
a indica contra febres malignas e incômodos digestivos.
Mussambê de Cinco Folhas: Obs.: Sejam eles de sete, cinco, ou
três folhas, todos possuem o mesmo efeito, tanto nos trabalhos rituais, quanto
na medicina caseira. Esta erva é utilizada por seus efeitos positivos e por
serem bem aceitas por Exu no ritual de boas vindas. Na medicina caseira é
excelente para curar feridas.
Ora-pro-nobis: É erva integrante do banho forte. Usada
nos banhos de descarrego e limpeza. É destruidora de eguns e larvas negativas,
além de entrar nos assentamentos dos mensageiros Exus. No uso caseiro, suas
folhas atuam como emolientes.
Palmeira Africana: Suas folhas são aplicadas nos banhos de
descarrego ou de limpeza. Não possui uso na medicina caseira.
Pau D’alho: Os galhos dessa erva são utilizados nos
sacudimentos domiciliares e em banhos fortes, feitos nas encruzilhadas,
misturadas com aroeira, pinhão branco ou roxo. Na encruzilhada em que tomar o
banho, arrie um mi-ami-ami, oferecido a Exu, de preferência em uma encruzilhada
tranqüila. Na medicina caseira ela é usada para exterminar abscessos e tumores.
Usa-se socando bem as folhas e colocando-as sobre os tumores. O cozimento de
suas folhas, em banhos quentes e demorados, é excelente para o reumatismo e
hemorróidas.
Picão da Praia: Não possui uso ritualístico. A medicina
caseira o indica como diurético e de grande eficácia nos males da bexiga. Para
isso utilize-o sob a forma de chá.
Pimenta Darda: “Aplicada em banhos fortes e nos
assentamentos de Exu. Na medicina caseira, suas sementes em infusão são
anti-helmínticas, destruindo até ameba.
Pinhão Branco: Aplicada em banhos fortes misturadas com aroeira. Esta planta possui o grande valor de quebrar encantos e em algumas ocasiões substitui o sacrifício de Exu. Suas sementes são usadas pelo povo como purgativo. O leite encontrado por dentro dos galhos é de grande eficácia colocado sobre a erisipela. Porém, deve-se Ter cuidado, pois esse leite contém uma terrível nódoa que inutiliza as roupas.
Pinhão Branco: Aplicada em banhos fortes misturadas com aroeira. Esta planta possui o grande valor de quebrar encantos e em algumas ocasiões substitui o sacrifício de Exu. Suas sementes são usadas pelo povo como purgativo. O leite encontrado por dentro dos galhos é de grande eficácia colocado sobre a erisipela. Porém, deve-se Ter cuidado, pois esse leite contém uma terrível nódoa que inutiliza as roupas.
Pinhão Coral: Erva integrante nos banhos fortes e
usadas nos de limpeza e descarrego e nos ebó de defesa. Na medicina caseira o
pinhão coral trata feridas rebeldes e úlceras malignas.
Pinhão Roxo: No ritual tem as mesmas aplicações
descritas para o pinhão branco. É poderoso nos banhos de limpeza e descarrego,
e também nos sacudimentos domiciliares, usando-se os galhos. Não possui uso na
medicina popular.
Pixirica – Tapixirica: No ritual faz parte do axé de Exu e
Egun. Dela se faz um excelente pó de mudança que propicia a solução de
problemas. O pó feito de suas folhas é usado na magia maléfica. Na medicina
caseira ela é indicada para as palpitações do coração, para a melhoria do
aparelho genital feminino e nas doenças das vias urinárias.
Quixambeira: É aplicada em banhos de descarrego e
limpeza para a destruição de eguns e ao pé desta planta são arriadas obrigações
a Exu e a Egun. Na medicina caseira, com suas cascas em cozimento, atua como
energético adstringente. Lavando as feridas, ela apressa a cicatrização.
Tajujá – Tayuya: É usada em banhos fortes, de limpeza ou
descarrego. A rama do tajujá é utilizada para circundar o ebó de defesa. O povo
a indica como forte purgativo.
Tamiaranga: É destinada aos banhos fortes, banhos
de descarrego e limpeza. É usada nos ebó de defesa. O povo a indica para tratar
úlceras e feridas malignas.
Tintureira: Utilizada nos banhos fortes, de limpeza
ou descarrego. Bem próximo ao seu tronco são arriadas as obrigações destinadas
a Exu. O povo utiliza o cozimento de suas folhas como um energético desinflamatório.
Tiririca: Esta plantinha de escasso crescimento
apresenta umas pequeninas batatas aromáticas. Estas são levadas ao fogo e, em
seguida, reduzida a pó, o qual funciona como pó de mudança no ritual. Serve
para desocupar casas e, colocadas embaixo da língua, desodoriza o hálito e
afasta eguns.
Urtiga Branca: É empregada nos banhos fortes, nos de
descarrego e limpeza e nos ebó de defesa. Faz parte nos assentamentos. O povo a
indica contra as hemorragias pulmonares e brônquicas.
Urtiga Vermelha: Participa em quase todas as preparações
do ritual, pois entra nos banhos fortes, de descarrego e limpeza. É axé dos
assentamentos de Exu e utilizada nos ebó de defesa. Esta planta socada e
reduzida a pó, produz um pó benfazejo. O povo indica o cozimento das raízes e
folhas em chá como diurético.
Vassourinha de Botão: Muito empregada nos sacudimentos
pessoais e domiciliares. Não possui uso na medicina popular.
Vassourinha de Relógio: Ela somente participa nos sacudimentos
domiciliares. Não possui uso na medicina caseira.
Abraços
Alda
da Oxum
Nenhum comentário:
Postar um comentário