Oxaguiã manda
libertar o amigo preso injustamente
O filho de Oxalá tornou-se um guerreiro forte e
decidiu um dia conquistar um reino para si. Partiu em companhia de seu amigo
Auoledjê, conquistou Ejigbô, tornando-se seu rei, o Elejigbô. O rei tinha uma
grande paixão, comer inhame pilado, e comia com gula, tanto que o chamavam
Oxaguiã, que quer dizer “Oxalá Comedor de Inhame Pilado”. Um dia Auoledjê, que
era grande babalaô, precisou partir de Ejigbô, antes disso, aconselhou Oxaguiã
que fizesse oferendas, que tornariam o reino próspero. Assim, como previa
Auoledjê, Ejigbô tornou-se uma grande cidade, rica e bem guardada pelos bravos
soldados de Oxaguiã. O rei Elejigbô vivia em fausto entre seus súditos, por
quem era chamado de “Kabiyesi”, que é o mesmo que Sua Majestade. Na intimidade
os amigos o chamavam de “Comedor de Inhame Pilado”, mas em público isso era uma
heresia. anos mais tarde, Auoledjê retornou a Ejigbô. ao adentrar a cidade,
procurou logo por oxaguiã, “Onde está o Comedor de Inhame Pilado?”, perguntou,
os soldados, que não o conheciam, ficaram furiosos com tamanha insolência. Isso
era jeito de se referir ao rei? Prenderam e maltrataram o desconhecido amigo de
Kabiyesi, Auoledjê ressentiu-se da humilhação, com seus poderes mágicos,
vingou-se. Durante sete anos todas as catástrofes conhecidas, e não faltando a
seca, assolaram o reino de Oxaguiã.
Oxaguiã, desesperado, procurou os adivinhos, e pelo
oráculo eles viram a prisão de Auoledjê, um amigo de rei estava preso
injustamente. Oxaguiã correu para prisão para libertar o velho amigo. Oxaguiã
libertou-o, mas ainda ressentido, escondeu-se na mata. Elejigbô buscou o velho
amigo, suplicando seu perdão, Auoledjê cedeu com uma condição: que nuca aquele
povo se esquecesse dessa injustiça, Todos os anos o povo deveria flagelar-se,
em memória do funesto acontecido.
Assim, todos os anos, o rei deveria mandar pessoas
à floresta cortar varetas. os súditos, divididos em dois grupos, tomariam as
varas, simulariam golpes uns nos outros, sem parar, até que as varetas se
quebrassem, para que nunca se esquecessem daquela injustiça praticada contra o
amigo de Oxaguiã. Assim foi feito e o reino de Oxaguiã voltou à tranqüilidade e
Oxaguiã foi o maior dos reis de Ejigbô. Quando ele foi para o Orum,
transformado em orixá, seu culto não se esqueceu do velho amigo babalaô, coma
as varetas de Oxaguiã, com atoris, seus adeptos renovam sempre a memória da
injustiça, para que ela não volte a acontecer.
Notas bibliográficas
Mitologia dos Orixás – Reginaldo Prandi – 2001
Oxaguiã
inventa o pilão
Oxalá, rei de Ejigbô, vivia em guerra, ele tinha
muitos nomes, uns o chamavam de Elemoxó, outros de Ajagunã, ou ainda Aquinjolê,
filho de Oguiriniã. Gostava de guerrear e de comer, gostava muito de uma mesa
farta, comia caracóis, canjica, pombos brancos, mas gostava mais de inhame
amassado, jamais se sentava para comer se faltasse inhame.
Seus jantares se estavam sempre atrasados, pois era muito demorado preparar o inhame, Elejigbô, o rei de Ejibô, estava assim sempre faminto, sempre castigando as cozinheiras, sempre chegando tarde para fazer a guerra.
Seus jantares se estavam sempre atrasados, pois era muito demorado preparar o inhame, Elejigbô, o rei de Ejibô, estava assim sempre faminto, sempre castigando as cozinheiras, sempre chegando tarde para fazer a guerra.
Oxalá então consultou os babalaôs, fez oferendas a
Exu e trouxe para humanidade uma nova invenção. O rei de Ejigbô inventou o
pilão e com o pilão ficou mais fácil preparar o inhame e Elejigbô pôde se
fartar e fazer todas as suas guerras.
Tão famoso ficou o rei por seu apetite pelo inhame
que todos agora o chamam de “Orixá Comedor de Inhame Pilado”, o mesmo que
Oxaguiã na língua do lugar.
Notas bibliográficas
Mitologia dos Orixás – Reginaldo Prandi – 2001
Orixá sem
cabeça
Um dos mitos diz que Oxaguiã nasceu apenas de
Obatalá. Não teve mãe. Nasceu dentro de uma concha de caramujo. E quando
nasceu, não tinha cabeça, por isso perambulava pelo mundo, sem sentido. Um dia
encontrou Ori numa estrada e este lhe deu uma cabeça feita de inhame pilado,
branca. Apesar de feliz com sua cabeça ela esquentava muito e quando esquentava
Oxaguiã criava mais conflitos e sofria muito. Foi quando um dia encontrou a
morte (iku), que lhe ofereceu uma cabeça fria. Apesar do medo que sentia, o calor
era insuportável, e ele acabou aceitando a cabeça preta que a morte lhe deu.
Mas essa cabeça era dolorida e fria demais. Oxaguiã ficou triste, porque a
morte com sua frieza estava o tempo todo acompanhando o Orixá. Foi então que
Ogum apareceu e deu sua espada para Oxaguiã, que espantou Iku. Ogum também
tentou arrancar a cabeça preta de cima da cabeça de inhame, mas tanto apertou
que as duas se fundiram e Oxaguiã ficou com a cabeça azul, agora equilibrada e
sem problemas. A partir deste dia ele e Ogum andam juntos transformando o
mundo. Oxaguiã depositando o conflito de idéias e valores que mudam o mundo e
Ogum fornecendo os meios para a transformação, seja a tecnologia ou a guerra.
Epà Bàbá Orin’xalá Òsògiyán
Fonte: Candomblé é pra quem tem Fé
Abraços
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