É o médium que participa nas giras de
assistências como auxiliar dos Guias em terra, podendo ser designado na hora
dos trabalhos, pelo Primeiro Cambono, pela Ialorixá ou pela Iabá. O cambono é a
viga mestre do trabalho, sua energia é fundamental na sustentação vibracional
da casa.
Ainda que muitas vezes eles passem despercebidos
aos consulentes e assistência durante um trabalho, são os cambonos os grandes
responsáveis pelo bom andamento de um trabalho.
A origem da palavra Cambono ou Cambone, é uma
corruptela proveniente das raças primitivas que praticavam o culto puro
arcaico.
(...) O Cambono da primitiva Aumpram era uma peça
importante no culto, porque, além de ser um auxiliar direto dos primeiros
magos, era, inclusive, um iniciado com vastos conhecimentos para poder comandar
as cerimônias, quer no seu aspecto ritualístico, quer no evolutivo das
entidades, médiuns e assistentes, quer no aspecto doutrinário e filosófico.
O Cambono primitivo era instruído pelos magos no
seu mister, estudando os Sagrados Mistérios, linguagem simbólica, ritos
arcaicos, liturgia, passando vários anos a privar com seus Mestres e
Instrutores para poder bem desempenhar as suas funções.
Era também o Cambono, de acordo com a sua ficha
astral astrológica levantada pelos magos, consagrado ao seu Orixá
correspondente, à sua vibração própria, para poder atuar com harmonia
vibratória nesses trabalhos. Em suma, era um mago menor com vastíssimos
conhecimentos a serviço desse culto puro.
Sendo o Cambono auxiliar [tinha uma] soma de
grandes conhecimentos (...) para poder atuar efetivamente nessas cerimônias!
Conhecimentos de numerologia, som vibratório, ou magia sonora, para poder atuar
nos pontos cantados, mantras de fixação vibratória; astrologia e quiromancia
sagradas; anatomofisiologia oculta, para poder atuar no chacra preciso desse ou
daquele aparelho; química e física ocultas, estudo das cores para uso na
cromoterapia, em suma, conhecimento completo da Lei da Aumpram para poder atuar
eficientemente nos trabalhos dentro da falange, subfalange ou legião exatas.
Atualmente, o Cambono não tem o preparo
necessário para essas funções. Pela sua própria condição, a Umbanda de hoje é
um movimento nascente e o Cambono não pode ter a soma de conhecimentos que
possuía na antiguidade, porém é necessário que ele possua os
seguintes atributos:
1. Honestidade de propósitos, pureza, vida
correta e limpa, seguindo o preceito fundamental de que todo umbandista tem o
dever de servir sempre. Dotes morais, de um modo geral.
2. Possuir vibrações em harmonia com o chefe
espiritual da casa, e por esse motivo o Cambono deve ser sempre escolhido pelo
Guia-Chefe.
3. Amplo conhecimento da doutrina para
orientar os trabalhos e os consulentes para o sentido puramente espiritual.
4. Pleno conhecimento do que representa a
magia-som, pois dessa maneira orienta os pontos cantados para a sua
finalidade: provocar a harmonia perfeita, o equilíbrio ideal para as
identificações entre os aparelhos, Guias e Protetores; tornar o ponto cantado
outra vez um “mantra” sagrado, mágico.
5. Conhecimento perfeito da significação
do ponto riscado. E aqui deve o Cambono ser instruído pelos Orixás, Guias
e Protetores.
6. Conhecimento de ervas e flores adequadas
aos banhos, defumadores etc. Isso implica o conhecimento dos signos zodiacais e
suas influências sobre os seres encarnados. Portanto, deve o Cambono conhecer
Astrologia (pelo menos rudimentos), sendo capaz de levantar a ficha astral de
qualquer pessoa com a máxima precisão.
7. Plenos conhecimentos de Magia, a sua
importância, símbolos e métodos de atuação no terreno positivo ou
negativo.
8. Atitudes e maneira de se conduzir
adequadas à função sacerdotal. O Cambono deve ter respeito e humildade,
interesse por seus semelhantes e manter principalmente o sigilo absoluto quanto
às consultas e às questões mais delicadas entre o Guia e o consulente.
Essas regras (...) fazem um verdadeiro Cambono,
um auxiliar ou intermediário entre os Orixás, Guias e Protetores e os “filhos
de fé” que vão à Umbanda buscar a paz e o conforto espiritual para os seus
males. Essa é a verdadeira função e posição do Cambono dentro do ritual da
Umbanda.
Extraído
de: FERAUDY, Roger. Umbanda, essa desconhecida. 5ª.ed. Limeira, SP:
Conhecimento, 2006. p.160-162.
Abraços
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