Axexê cerimônia realizada após o ritual fúnebre (enterro) de
uma pessoa iniciada no candomblé. Tudo começa com a morte do iniciado, chamado
de ultima obrigação, este ritual é especial, particular e complexo, pois
possibilita a desfazer o que tinha sido feito na feitura de santo, é bem
semelhante com o processo iniciático chamado de sacralização, só que agora este
procedimento é uma inversão chamada de dessacralização, no sentido de
liberação do Orixá protetor do corpo da pessoa.
1- Segundo lenda Yoruba: O axexê começou com a morte de um
caçador chamado Odu Lésé. Este caçado foi quem criou Oya, lhe ensinado a arde
da caça e da guerra. Com a sua morte, Oya ficou desolado, juntou todos os seus
pertences e durante 7 dias cantou durante toda a noite seus feitos e sua
coragem. Este ato comoveu Olodumare, ele observou todos os dias o que Oya fez
para uma pessoa que não era seu parente mais o amava como um. Ele em sua
sabedoria, achou que este ato foi um ato de amor e respeito a um ser humano e
iniciados em cultos como era Odu Lèsé. Ao termino deste ato que Oya fez a quem
a criou, Olodumare decidiu que todos os iniciados nos cultos teriam este
direito a esta obrigação na qual foi chamada de ÁSÈSÈ (Perfeito). Deste dia em
diante todos os iniciados em cultos receberiam este ritual o qual era o
reconhecimento por tudo que o iniciado tinha feito em vida.
2- O Axexê é feito para que tudo que tem ligação com o morte
seja desfeito, tanto na parte iniciatória como material deixada. Os familiares
carnais e de santo devem participar desta obrigação a qual fala em cânticos os
feitos do falecido. Dentro da parte litúrgica, o axexê, vem ter outra função.
faz com o falecido tenha sua apresentação aos seus ancestrais, dando a ele a
passagem para Òrun, desvinculando seu espírito da parte material e culto.
Obrigações são feitas de acordo com cada Nação e rito, para que o espírito do
iniciado seja recebido e tenha sua apresentação dentro de cada Nação. Deve-se
ressaltar, que cada Nação tem seu ritual fúnebre e deve ser respeitado. Egun
tem nação. Muitos declaram que isso não é verdade, mais seu Ori (Cabeça)
somente reconhece naquilo que foi iniciado ou reiniciado. Como foi abordado no
tópico troca de Nação. Todos que saem de uma Nação e entra em outra, deve
receber a iniciação da qual esta entrando, isso serve para que Ori reconheça o
que esta recebendo.
3- Todos os iniciados têm este direito, os que não são
iniciados, mais transmitiu através de suas mãos seu Ase individual em lavar,
depenar, cozinhar e tudo que esta ligado aos Ase, tem o direito a uma obrigação
de encaminhamento ao Òrun, para seu espirito ser reconhecido dentro de seus
ancestrais. Os dias de obrigação fúnebre: Bom! Quando se trata de Zeladores (as),
deve-se começar na volta do enterro, dando inicio no mesmo dia. São 7 dias de
obrigação. Mais se não tiver condições para começar no mesmo dia, deve-se fazer
uma obrigação aonde e participado ao Egun mais velho o motivo deste ritual não
começar. Todos podem comparecer a este ritual, crianças, velhos etc. Existe
muitas lendas sobre este ritual. Na verdade se deve todos participarem e dever
dos filhos desta casa participar.
4- Quem realiza este ritual e o responsável pela casa ou uma
pessoa determinada e capacitada para faze-la. Um Oje pode ajudar em muito nesta
obrigação, mais não é sua obrigação. Oje é Sacerdote do culto aos Ancestrais, ou
seja, ele cultua a vida pós-morte e não a morte como geralmente e falado.
5- Este ritual geralmente é interno, podendo ser aberto para
as pessoas que são ligadas ao Ase. Não é um dia de festa comum como é nos dias
de festa de Òrisa. Para os Ancestrais sim, é um dia de festa pós mais um esta
retornando para o nosso verdadeiro mundo. Ayie (Terra), não é o nosso mundo
verdadeiro. Nosso mundo e com nossos Ancestrais.
6- Os instrumentos que são usados neste ritual vai depender de
qual Nação o falecido pertencia. Axexê que é tocado com poste e cabaças, são da
nação Deje Deje, este pode tem um nome que se chama SIRUN (Pote afinado por
água), dependendo da quantidade de água que se encontra nele o som tem uma
afinação. Com cabaças entre as pernas, são da Nação de Ketu, as cabaças tem a
representação do ventre materno aonde somos criados, assim o som é retirado do
ventre que esta chamando o espírito para ser reverenciado. Com Atabaque: Cultos
aos Ancestrais. Neste ritual fúnebre, somente os eguns dançam e cantam para
louvar o falecido. Em determinado momento uma pessoa mais antiga de culto ou um
Oje pode cantar e para o Egun dançar. Este ritual é feito para os Oje e pessoas
que tenham posto dentro do culto aos Ancestrais.
Fonte:
Com uma navalha o Babalorixá ou yalorixá raspa o topo do
crânio do falecido e retira o Oxu, juntamente com todos os pós-colocado na sua
iniciação, em seguida quebra-se um ovo, oferece um obi Obi ritual, pintando-o
com efun, wáji, e ossun, coloca-se um novo oxu, um pombo é sacrificado, o
sangue que escorre é recolhido num pedaço de algodão, parte dos objetos é
enrolado no pano branco e colocado na sepultura, e outra é levado para dar
inicio ao ritual do Axexê propriamente dito.
Junta-se todos seus pertences pessoais utilizados em
sacrifícios e obrigações, como roupas, colares, nem sempre os assentamentos dos
orixás são desfeitos, se faz uma consulta oracular (jogo de búzio)
"merindilogun" para se saber do destino dos objetos separados, se
ficam com alguém.
Em caso positivo, o objeto ou objetos em questão é lavado com
água sagrada e entregue aos herdeiros revelado(s) no oráculo, e em caso
negativo, o objeto é separado para junto com os demais e, após serem os colares
rompidos juntamente com o kelê, as roupas rasgadas e os assentamentos
quebrados, são colocados em uma trouxa que será entregue em um local também
indicado pelo oráculo.
Normalmente, a trouxa, chamada de Carrego de Egum, é
acompanhada de um animal sacrificado, indo de uma única ave a um quadrúpede
acompanhado de várias aves, dependendo do grau iniciático do morto. E ainda, se
o falecido era um iniciado de pouco tempo, basta um lençol branco para embalar
o carrego, se tratar de alguém mais graduado, o carrego é colocado em um grande
balaio, o qual é depois embalado no lençol.
O processo de preparação e entrega, ou despacho do Carrego de
Egum é a cerimônia fúnebre mínima que se dedica a qualquer iniciado no
candomblé quando morre.
As variações surgem, como foi já colocado, dependendo do grau
iniciático ao qual pertencia o morto, mas também da Nação em que fora iniciado.
Se o morto era uma pessoa graduada na religião é que mereceria um Axexê.
O Axexê nesses casos antecede ao Carrego de Egum e consiste em
uma, três ou seis noites de cânticos e danças na qual se celebra a partida do
iniciado para o outro mundo, rememorando o nome de outros iniciados já
falecidos e, enfim, os eguns em geral.
Canta-se também a certa altura para os orixás, menos para
Xangô, para os quais se canta no depois da entrega do carrego no ritual do
arremate.
Todos os participantes devem vestir branco, a cor do
nascimento e da morte no candomblé, as mulheres devem estar com a cabeça e o
pescoço cobertos e os homens com os pulsos, envolto na palha da costa.
Obedecem-se vários preceitos rígidos de comportamento dentro
do terreiro durante todo o processo, para evitar melindrar o espírito que está
sendo respeitosamente despedido.
Depois do carrego despachado, canta-se o arremate no dia
seguinte à tarde, antes do pôr do sol, as mesmas cantigas do Axexê são ainda
entoadas e no final são louvados os orixás, e empreende-se uma limpeza ritual
do terreiro, com a participação eventual dos orixás que porventura tenha se
manifestado em seus elegun.
Ao longo do Axexê mesmo somente orixás mais ligados à morte
como Oyá-Iansã, Obaluaiyê, Nanã e Ogum, etc. costumam se manifestar.
No caso em que o morto era um pai ou mãe de santo cujo
terreiro permanecerá ainda aberto, deverá ficar fechado ao público durante um
ano ou mais conforme deteminação do jogo, mas as cerimônias internas continuam,
costuma-se repetir o ritual de um, três, seis meses, e um, três, sete anos
depois do Axexê inicial.
O Axexê também é conhecido pelos nomes de sirrum e zerim,
nomes em Língua Fon significando os instrumentos que são percutidos em
substituição aos atabaques.
O sirrum é uma metade de cabaça emborcada em um alguidá onde
se encontra uma mescla de substâncias líquidas abô e o zerim é um pote com
certas substâncias dentro que é percutido com um abano (leque de palha) dobrado
em dois.
Quando se trata de uma pessoa especialmente antiga e poderosa
na religião, o Axexê é tocado com atabaques mesmo, com os couros ligeiramente
afrouxados para serem depois também despachados no carrego.
Em alguns terreiros da Nação Ketu também se usa tocar Axexê
com três cabaças: duas inteiras e uma com a ponta cortada.
Abraços
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