A palavra nação é usada no candomblé para distinguir seus segmentos, diferenciados pelo dialeto utilizado nos rituais, o toque dos atabaques, a liturgia. A nação também indica a procedência dos escravos que lhe deram origem na nova terra e das divindades por eles cultuadas.
Os negros escravizados no Brasil pertenciam a
diversos grupos étnicos, incluindo os Yoruba, os Ewe, os Fon e os Bantu. Como a
religião se tornou semi-independente em regiões diferentes do país, entre
grupos étnicos diferentes evoluíram diversas "divisões" ou nações,
que se distinguem entre si principalmente pelo conjunto de divindades
veneradas, o Atabaque (música) e a língua sagrada usada nos rituais.
As civilizações sudanesas, por exemplo, são
representadas pelo grupo yorubá, também conhecido como Nagô, por sua vez
representado pelas nações:
Ketu
Efan
Ijexá
Nagô Egbá
Batuque do Rio Grande do Sul
Xambá de Pernambuco
O grupo dos daomeanos é representado pelas nações
Djeje:
Fon
Éwé
Mina
Fanti
Ashanti
E outros menores como Krumans, Agni, Nzema, Timini.
As civilizações islamizadas são representadas por
Fulas (peuhls), Mandingas, Haúça e, em menor número, Tapa, Bornu, Gurunsi ou
Grunci.
As civilizações bantos do grupo angola-congolês são
representadas pelos ambundas de Angola (cassanges, bangalas, in-bangalas,
dembos), os congos ou cabindas do estuário do Zaira e os benguela com diversas
tribos escravizadas.
As civilizações bantu da Contra-Costa são
representadas pelos moçambiques (macuas e angicos), tendo sido o grupo Bantu
reduzido às nações:
Candomblé Bantu:
Angola
Congo
Cabinda
No começo do período escravagista, todos os
escravos vindos da África eram chamados de negros de Guiné, pois no século XVI
a Guiné se estendia de Senegal a Orange. Esses guinés deveriam ser autênticos
bantus.
A escravidão dividiu as sociedades africanas em
todos os sentidos. O africano, com o fim das linhagens, dos clãs, das aldeias,
da realeza, se apegou ainda mais aos seus deuses e ritos, uma vez que foi a
única coisa que restou de suas regiões de origem.
Guardiões da cultura oral, os escravos guardaram em
sua memória os movimentos de dança, os toques dos atabaques, a comida ritual,
as rezas e cânticos, na nova terra chamados de Cantiga no candomblé e pontos
cantados na Umbanda.
O silêncio, o segredo (calundus) e o isolamento
armado em quilombos e mocambos são formas de resistência e esperança de
reconstituir na nova terra seus ritos, costumes e hierarquia.
A resistência dos negros ao regime de subordinação
ou exploração do qual foram vítimas encontram portas abertas na religião, nos
quilombos, confrarias e santidades, locais de reuniões assim chamados antes de
receberem o nome de candomblés que também foram usados como esconderijo.
Abraços
Alda
da Oxum
Nenhum comentário:
Postar um comentário