Como todos sabem exu
sempre foi ranzinza e encrenqueiro, adorava provocar confusões e fazia
brincadeiras que deixavam a todos confusos e irritados. Certa manhã acordou
desalentado, afinal quem era ele? Não fazia nada, não tinha poder algum, perambulava
pelo mundo sem ter qualquer motivação. Isso não estava correto. Todos os orixás
trabalhavam muito e tinham seus campos de atuação bem definidos e para ele nada
fora reservado. Essa injustiça ele não iria tolerar. Arrumou um pequeno alforje
e colocou o pé no mundo. Iria até o Orun exigir explicações. Depois de muito
andar, finalmente chegou ao palácio de Olorun. Tudo fechado. Dirigiu-se aos
guardas do portão e exigiu uma audiência com o soberano. Eles riram muito. Quem
era aquele infeliz para vir ali e exigir qualquer coisa. Exu ficou enfurecido
nem os guardas daquela porcaria de palácio o respeitavam. Passou então a gritar
impropérios contra o grande criador. Imediatamente foi preso e jogado em uma
cela onde ficou imaginando como sair daquela situação. Já estava arrependido de
ter vindo, mas não daria o braço a torcer. Iniciou novamente a gritaria e tanto
barulho fez que Olorun decidisse falar com ele. Exu explicou o que o trazia
ali, falou da injustiça que se achava vitima e exigiu uma compensação.
Pacientemente o pai da criação explicou que todos os orixás eram sérios e
compenetrados, mas que ele, Exu, só queria saber de confusões e brincadeiras.
Então como ousava tentar se igualar aos companheiros? Que fosse embora e não o
aborrecesse mais. Era assim? Não prestava para nada? Era guerra? Resolveu fazer
o que mais sabia. Comer! Todos sabiam de sua fome incontrolável desde o
nascimento. Desceu do Orun e começou a atacar os reinos dos orixás. Comeu as
matas de Oxóssi. Bebeu os rios de Oxum. Palitou os dentes com os raios de
Xangô. O mar de Iemanjá era muito grande e ele foi bebendo aos poucos. A terra
tornou-se árida e prestes a acabar. Por conta disso todos os orixás correram ao
palácio em completo desespero. Exu imediatamente foi preso e arrastado novamente
até o Orun, desta vez, porém, sentia-se vitorioso. Exigiu ser tratado com
respeito e assumir um lugar no panteão divino. Se assim não fosse, nada
devolveria e comeria o restante do mundo. Foi feita então uma reunião para se
resolver o grande problema. Olorun não poderia julgar sozinho, todos que ali
estavam tinham muito a perder. Depois de muita discussão chegaram a um
consenso. Exu seria o mensageiro de todos eles, o contato terreno entre os
homens e os deuses. Ele gostou, mas ainda perguntou: - E vou morrer de fome? -
Nova discussão. Decidiram então que todos os orixás que recebessem oferendas
entregariam uma parte a ele. Exu saiu satisfeito, agora sim tinha a importância
que merecia, desceu cantarolando e devolvendo pelo caminho tudo que tinha comido.
E a paz voltou a terra, mas ficou o recado: Com Exu ninguém pode!
ORAÇÃO AO SETE ENCRUZILHADAS
Saravá Santo Antônio de
Pemba!
Saravá à força do Sete!
Saravá a todos os Exus!
Ajoelhado aos teus pés,
estou rogando que me escute no sopro dos sete ventos, meu grande Exú Sete
Encruzilhadas.
Com a força do teu garfo
que carregas nas costas e da cruz do teu peito, eu humildemente peço que tenhas
vidência das dores que trago no peito aflito.
Sete Encruzilhadas Exú
dos sete caminhos, senhor rei das Sete Encruzilhadas de fé, sepulte nas sete
catacumbas os nossos problemas e tristezas.
És um lindo homem, um
cavalheiro, andas descalço com tua linda capa de veludo, a gargalhar pela
noite, venceste sete guerras, vença pelo menos uma para mim, se eu merecer,
pois estou em desespero.
Sete Encruzilhadas,
conheces as dores e angústias do mundo onde tu vivestes, amaste, sofreste e
foste humilhado, mas hoje carrega a Coroa dos infelizes e essa coroa quem te
deu foi à misericórdia de pai Oxalá, nos pés de pai Olorum.
Sete Encruzilhadas,
coloque debaixo de teu pé esquerdo o nome dos meus inimigos, livrando-me das
invejas, calúnias e dos olhos grandes.
Põe no meu coração o
perdão e a justiça, para me reconhecer e me corrigir das minhas faltas.
Lindo homem de cabelos
negros e olhos de cristal, perfuma a minha vida com o perfume das sete rosas
vermelhas.
Atenda meu pedido, te
imploro Sete Encruzilhadas pois sei que os teus protegidos, tu jamais
desampara.
Rei dos sete mistérios,
carregas as sete chaves do destino, abra os meus caminhos e me faça feliz, pois
contarei sempre com a sua proteção, agora e em todas as horas de aflição.
Abraços
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