Egunguns são espiritos
ancestrais que voltam a terra por meio de invocação de pessoas em um
determinado culto. Esses espíritos são invocados e tomam novamente uma forma
viva, pois esses ancestrais tiveram uma posição na hierarquia terrena e agora
retornam ao Ayê com grandes ensinamentos. Também chamados de Bàbá Egungun, são espíritos
preparados para esse tipo de ritual, porque o intuito desse ritual é deixar
visível o mundo dos mortos para os que ainda vivem. Aqui no Brasil esse culto
só existe na ilha de Itaparica no estado da Bahia. Esses egunguns entram no
salão (Terreiro) bem vestidos com roupas características, roupas caras e
enfeitadas. Os Bàbás Egunguns se caracterizam por usar uma roupa chamada de
Eku, ou aqui no Brasil de Opá, enfeitadas de búzios, espelhos e tiras de pano
bordadas (Chamada de Abalá) e usam também um avental chamado de Bantê. Sua voz
é rouca, gutural e as vezes fina.
Os Aparakás são os
egunguns mais jovens, não usam Bantê nem Abalá, são mudos e não tem identidade
definida. Sabe-se que tudo isso é cercado de muito mistério, não é permitido
tocas nesses Egunguns, por isso os Ojés (Sacerdotés) usam varas rituais para
separarem os Egunguns dos vivos. Diz a crença que aquele que ousar tocar nesses
epiritos materializados terão infinitos problemas. Todo esse ritual é
acompanhado pelo sacerdote supremo chamado de Alápini. Todos os integrantes
desse culto é chamado de Mariwó. Na África o orixá Xangô está ligado á esse
culto, pois ele foi o unico orixá que viveu dentre os vivos, além de ter sido
iniciado, assim se tornou o primeiro Ojé dos cultos a Egungun. Há também muitas
outras lendas envolvendo Xangô e esse culto. Diz-se que as pessoas de culto
africano e depois de mortas não tiverem seus assentamentos e coisas rituais
despachadas corretamente virarão Bàbás Egunguns.
AKITE e AKULE
Um dia, no começo do
mundo, dois homens, AKITE e AKULE, começaram a brigar muito por causa de uma
fruta. A briga acabou por envolver os humanos, EGUNS, orixás, os animais. No
melhor da briga, chegou BARÁ. Da maneira rápida e matreira tão própria dele,
tirou do bolso um pó, misturou com terra e soprou na multidão. Veio um temporal
de vento, relâmpagos, trovões e chuva chamado ADARRUM, que ficou sendo o toque
de guerra dos orixás. Quando os orixás estão no orun e escutam o adarrum vem
correndo para ver o que é que esta acontecendo na terra. Naquele momento veio
um raio e matou AKULE, e todos acharam que foi uma armadilha. Veio uma pedrada
e matou AKILE, e todos acharam que foi coisa feita. Os iwins ficaram devastados
com essa guerra, que aniquilou os habitantes da Terra. Obatalá, chefe dos
iwins, foi falar com seu pai OLOFIN, senhor do infinito, e contou tudo que se
passara e passava. OLOFIN se comoveu e, mandou chamar a árvore IROCÔ, única
sobrevivente da espécie, e fez IROCÔ crescer. Quando chegou ao céu, OLOFIN
lançou sobre ela uma nuvem branca, interrompendo o crescimento. OLOFIN tirou um
galho da árvore e entregou ao filho e disse que segurando aquele galho, feito
um bastão, ele poderia voltar a Terra. Deu ao cajado o nome de opaxorô.
ALMA DO NEGÓCIO
O macaco queria se casar
e não tinha dinheiro, mas como era sabido, resolveu pedir a DÃ, cem cauris, obtendo
sucesso. Solicitou a mesma quantia a Kpo, e a ODÉ. Ficando estipulado o prazo
de três meses para liquidar a dívida. No dia estipulado todos foram cobrar ao
macaco, que fez o que segue: Mandou Dã esperá-lo no pé de IROCO às 20:00 horas.
Mandou Kpo esperà-lo no pé de IROCO às 20:30 horas. Mandou Odé esperá-lo no pé
de IROCO às 21:00 horas, e a todos recomendou pontualidade. No horário marcado
Dã foi para o IROCO, cansado de esperar o macaco, acabou adormecendo. ÁS 20:30 horas
Kpo chegou sem que visse a serpente. Começou a sentir sono e deitou no chão. ODÉ
se dirigiu para o IROCO no horário marcado. Lá chegando avistou Kpo e para sua
surpresa o leopardo estava dormindo. ODÉ que nada tinha caçado e esperava pegar
Kpo há muito tempo, deu uma flechada em Kpo que alucinada de dor caiu por cima
de Dã que apesar de receber uma patada de Kpo desferiu uma picada em ODÉ. ICÚ,
todas as noites passa pelo pé de IROCO, surpresa levou todos para seu reino.
CASTIGO
Iyewá KEMI, uma menina
muita bonita e muito travessa morava numa aldeia, e desde o nascimento tinha
sido prometida a EUÁ. Sua vó, euá TOSSI, era responsável pelo culto na aldeia e
pela educação espiritual da menina. Um dia a menina seria iyá IYEWÁ. A menina
tinha a péssima mania de imitar coisas e pessoas e punha-se a rir com a cara de
espanto de todos. Ela imitava muito bem principalmente o macaco. Por ser bonita
ria de quem era feio, sem perder a oportunidade de debochar da pessoa. Durante
muitos anos durante a festa de EUÁ a menina aprontava sempre situações
constrangedoras para a sua avó. Quando tinha CATORZE ANOS, quando ia para o
festival viu um macaquinho todo vestido com as cores do orixá EUÁ e começou a
imitá-lo, as companheiras imploraram para que parasse mas ela mais gritos
estridentes dava. Quando chegaram perceberam que a orixá não queria receber as
oferendas. Se manifestou no jogo, querendo que cada uma das filhas e das
prometidas entrassem na camarinha uma a uma. Quando chegou a vez da menina,
assim que pôs os pés no recinto sagrado sentiu que o rosto se contorcia todo. Pulava
sem que quisesse, não conseguindo parar. Começou a gritar por socorro, e muito
mais quando viu que seu rosto se transformara num careta horrível, parecida com
cara de macaco deformado. No exato momento que ela viu o seu rosto, EUÁ culpou
a avó - a iya - e disse: “há muito tempo você vem sendo advertida para parar
com isto, sem que se corrija, como castigo, você vai ter que conviver com esta
cara de macaco e não será mais iniciada”.
DESCOBERTA
Há quem diga que OIÁ foi
namorada de OBALUAÊ e conseguiu que ele mostrasse o rosto sob as palhas. Provocou
um grande vento e o azê foi levantado. Ficou surpresa por que o rosto de
OBALUAÊ era belíssimo. OBALUAÊ gosta muito de OIÁ e de sua espontaneidade
desinteressada. Ela é alegre, bonita, brejeira e generosa muitas vezes OIÁ
acompanha EUÁ em suas inúmeras viagens ao céu, rumo ao reino de OXUMARÊ e em
contrapartida OIÁ é acompanhada pela EUÁ no transporte dos espíritos do aiê ao
orun.
EXÍLIO
XANGÔ se considerava o
máximo. Mulher nenhuma no mundo conseguia resistir aos seus encantos. Era o
mais belo dos reis, rico e cheio de si. A fama da beleza de EUÁ corria mundo, e
EUÁ não era casada. XANGÔ resolveu a todo custo, seduzir EUÁ, nem que tivesse
de trabalhar de servo em seu palácio, e foi o que fez. EWÁ portadora de
vidência e de premonição, previu a chegada em seu reino, de um grande senhor
real que viria disfarçado de servo. Assim preparada, ficou imune ao charme do
senhor do fogo qualquer mulher que olhasse XANGÔ nos olhos brilhantes de fogo,
cairia apaixonada. EWÁ prevenida não olhava nos olhos. O tempo foi passando e
nada, XANGÔ irritado tentou possuí-la a força, a moça apavorada, mas muito
valente deu uma mordida na mão de XANGÔ e soltou-se fugindo do palácio, com o
rei disfarçado em seu encalço. XANGÔ, furioso e pondo fogo pela boca, estava
cada vez mais perto, quando EUÁ avistou a porta do cemitério e entrou, o que
fez com que o rei de oió fugisse apavorado, mas a tempo de dizer-lhe que ainda
a possuiria de qualquer forma. Cansada de tantas perseguições, EUÁ resolveu
ficar residindo no ILÊ IBOJI, onde sempre estaria a salvo de XANGÔ, estabelecendo
um grande relacionamento com IKÚ. Casou-se com OMOLU e tornou-se senhora dos
cemitérios responsável pela transformação e distribuição de todos os elementos
para a decomposição do cadáver.
FALSO PODER
Os ajés se tinham como os
todos poderosos sobre os EGUNS fazia-os aparecer e desaparecer, obrigando-os a
satisfazer todos os seus desejos sem o consentimento de OIÁ. Sabendo disto, OIÁ
resolveu pregar uma peça nos ajés. Vestiu-se de EGUM e saiu pela floresta.
Vendo aquilo os ajés pegaram os ixãs e sairam em sua perseguição de repente OIÁ
viu um buraco na terra e ali entrou. Os ajés disseram: ele entrou por aqui e
por aqui tem que sair. Ali ficaram até o anoitecer e quando, ao longe, ouviram
o ilá de OIÁ perceberam no alto da montanha que ela tirava a roupa de EGUM. E
desde daquele dia só com o consentimento de OIÁ pode-se fazer qualquer coisa
para EGUM.
FOLE e FOGO
Conta o mito que OIÁ
estava trabalhando com OGUM, seu marido ferreiro, na oficina dele no dia dos
ancestrais. OGUM batia o ferro na bigorna enquanto OIÁ assoprava o fogo com o
fole. OIÁ alegre como sempre, trabalhava e produzia música. Conseguindo
involuntariamente atrair os EGUNGUNS para a porta da oficina. OGUM ficou tão
orgulhoso de OIÁ que tirou o próprio capacete da cabeça, ACORÔ, e ofereceu a
OIÁ chamando-a acorô de minha cabeça.
LIBERDADE
OIÁ queria XANGÔ só para
ela, pois sofria quando ele saía. Para impedir que XANGÔ saísse de casa, chamou
os mortos a sua presença, e a casa de OIÁ ficou cercada de EGUNS, assim XANGÔ
tornou-se prisioneiro de OIÁ. Cada vez que ele tentava sair e abria a porta, os
EGUNS vinham ao seu encontro chiando. XANGÔ aterrorizado não saía a rua, um dia
na ausência de OIÁ, OXUM foi visitar XANGÔ que lhe contou tudo. OXUM preparou
uma garrafada com aguardente, mel e pó de efum.
NA MESMA MOEDA
Conta o mito que OIÁ
disputava com o marido, OGUM o primeiro lugar em valentia. Um belo dia, OIÁ
convocou todas as mulheres na tarefa de pregar uma peça no senhor da guerra. Para
isto vestiram um macaco com panos coloridos dos pés a cabeça e soltaram o
animal no local onde OGUM costumava passar. Quando OGUM viu o monstrengo
correu, para deleite de OIÁ e das outras mulheres. A façanha se repetiu por 3
dias, encarregando-se OIÁ de espalhar o ocorrido. Após o terceiro dia de susto OGUN
resolveu consultar ORUMILÁ, que o orientou a chegar no lugar dos fatos 2 horas
antes do horário costumeiro e se escondesse na mata. Cumprindo o determinado
pelo senhor da adivinhação OGUN colocou-se a espreita e viu todo o ocorrido com
indignação. Jurou vingança, furioso juntou os homens e deu o troco em OIÁ e nas
demais mulheres, com a mesma moeda. Vestiu um macaco do mesmo jeito e esperou
que elas chegassem. Não deu outra, elas saíram gritando de medo e como punição
as mulheres foram excluídas de participar do segredo do culto dos EGUNS.
RELAÇÕES COMPLICADAS
XANGÔ seduz OXUM,
raptando-a do palácio de seu pai. Outras lendas dizem que XANGÔ tomo-a de OGUM,
mas que eles mantiveram uma relação esporádica como amantes. IANSÃ foi mulher
de OGUM, mas foi embora com XANGÔ. OXUM seduziu IANSÃ mas logo abandonou-a e
temos finalmente a versão de uma relação entre OGUM e ODÉ,que apesar disto
continuaram suas vidas solitárias na floresta. IEMANJÁ casou com ORIXÁLA mas o
traiu com ORUMILÁ. XANGÔ casou com IANSÃ, embora ele detestasse EGUM e ela
detestava CARNEIRO.
REPRESENTANTE
Certa feita EGUM vestiu
roupas idênticas a de XANGÔ com bota e tudo e saiu “aprontando”. Chegava nos
lugares e fingia que era XANGÔ comendo as comidas e recolhendo as oferendas
destinadas ao rei. XANGÔ mandou cortar a cabeça de EGUM.
TRANSFORMAÇÃO DOS ORIXÁS
IROCÔ era uma árvore, muito
importante, importante a valer. OLOFIN determinou que os orixás e ÊRES fossem
cultuados pelos viventes, e eles saíram pelo mundo à procura de seus filhos com
isto haveria a aproximação do mundo dos encantados com o das pessoas. IROCÔ era
muito cultuado e trabalhava muito, perto de onde estavam havia uma feira cheia
de movimento, IROCÔ soprou e seu hálito em forma de vento que foi cair sobre a
cabeça da moça que vendia na feira,a moça começou a rodar a rodar , a rodar e
foi cair nos pés de IROCÔ, nascendo a primeira locosi. Isso quer dizer que
IROCÔ chega no axé, chega para dançar e ficar. Todos os orixás correram para o
pé de IROCÔ, para uma grande junção, chegaram trazendo suas comidas prediletas:
XANGÔ levou amalá. OGUM levou inhame
assado. ODÉ levou milho amarelo. OMULU levou pipoca e
feijão preto. OSSAIM levou farofa de
mel de abelhas. OXUMARÊ levou farofa de
feijão. OXALUFÃ levou milho
branco. OXAGUIÃ levou bolos de
inhame cozido. ORUMILÁ levou ossos. BARÁ chegou correndo e
levou cachaça. Ajoelhou-se nos pés de IROCÔ e jogou 3 pingos no chão, cheirou 3
vezes e bebeu um pouco. Neste momento IROCÔ se transformou em árvore, OGUM em
cachorro, ODÉ em vaga-lume, OMULU em aranha, OXALÁ em lesma, OXUMARÊ em cobra,
XANGÔ em cágado e as comidas ficaram no pé da árvore.
TUDO TEM SEU PREÇO
OXALÁ seduz NANÃ e
rouba-lhe a exclusividade do poder sobre os espíritos dos mortos. Para tanto se
vestiu de mulher, fingiu que era NANÃ, e, por assim dizer, domesticou os
terríveis EGUNGUN que até então, faziam tudo que ela mandava. Mas para tirar o
poder da grande mãe teve que pagar um preço OXALÁ usa saia até hoje.
Fonte: Candomblé é pra quem tem Fé
Abraços
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