Okô é uma divindade
masculina, de origem nagô. Seu culto tem origem na cidade de Irawô, próximo a
Oyó. As duas se localizam na atual Nigéria. Irawô também é a cidade onde se
cultua Ossãe. Okô é o deus da agricultura. Rege as fazendas, plantações,
campos, considerado regente da fertilidade natural. Okô também é o Orixá que
cura a malária (doença a qual estão expostas as pessoas que cultivam o solo).
O símbolo de Okô é uma
barra de ferro comprida. Okô recebe o título de “eni duru”: “aquele que é
erigido”. As abelhas são consideradas as mensageiras de Okô. Anualmente são
realizadas festas em homenagem a Okô. Suas oferendas consistem em inhames novos
(os primeiros da safra) e galinhas dangola. O interdito dos seguidores de Okô
são os inhames novos e as serpentes.
Orixá Okô também é
conhecido como Orishokô, ou Orixá Kô. Seus sacerdotes são chamados de Já Osá.
Existem também sacerdotisas de Okô. Estas formam uma sociedade secreta. Todas
elas usam na testa uma marca vertical, metade branca e metade vermelha, desde a
sua iniciação até a morte. O material é utilizado para a confecção de tal marca
é um segredo. Só se sabe que se a marca cair no chão, deve ser comida
imediatamente.
Os Jêje cultuam também
uma divindade da agricultura: Alantan Loko, cujo templo fica em Tenji, na
cidade de Abomé. Segundo o reverendo Samuel Johnson, Okô era um caçador nascido
em Irawô, que tinha o hábito de ganhar a vida pegando galinhas dangola em redes
colocadas nas terras de Ogun Jensowe, um rico fazendeiro. Okô tinha um cachorro
e um pífaro feito de osso. Quando Okô perdia o cachorro, soprava o pífaro para
encontrá-lo. Quando envelheceu, Okô parou de caçar e começou a adivinhar e
passou a ter muitos seguidores. No Brasil, Okô certamente teve seu culto
diminuído, porque não faria sentido que os escravos reverenciassem uma
divindade da agricultura, na qual eram obrigados a trabalhar.
Lenda de Okô
Orixá Okô era filho de
Iemanjá e Obatalá. Quando o mundo foi criado, ainda não existia nada plantado.
Aqui morava um homem que nada fazia. Este homem se chamava Oko, o nome que ele
tinha recebido do grande criador. Um dia, Olorum chamou este velho e lhe disse:
- Olha, eu criei o mundo, porém, faltam as plantações, e eu não sei com
fazê-las, como plantar. Você vai ser incumbido desta tarefa.
Oko ficou sentado no
chão, pensando:Que grande incumbência Olorum me deu! O que eu vou fazer?
Pensou, pensou, e aí se lembrou de que nas suas andanças pelas estradas tinha
encontrado uma palmeira, e que embaixo dessa palmeira sempre tinha uns
molequinho. Esse moleque era muito sapeca e muito sagaz, com um corpo bem
reluzente. Ele estava sempre com um pedaço de pau mexendo na terra. Oko se
lembrou de que um dia ele perguntou a esse rapazinho:- Que estás a fazer?E o
rapaz lhe respondeu:Você não sabe que a terra mexida e plantada dá frutos?
Plantada como? – perguntou Oko. - É... A gente arruma semente, e tudo isso...-
Como arruma semente, se ainda não existe arvore, não existe nada? – interrompeu
Oko. O molequinho lhe disse:- Olhe que prá Olorum nada é difícil! Oko ficou
admirado com as palavras daqueles molequinho. Quando Olorum lhe deu essa
empreitada, ele logo se lembrou de molequinho. Voltou ao mesmo lugar e
encontrou o molequinho sentado embaixo da palmeira, cavando terra. O buraco já
estava maior, e daquele buraco já estava saindo uma terra mais avermelhada. Oko
perguntou ao menino:- Porque esta terra está saindo mais vermelha?- É sinal de
que algo de diferente existe nas profundezas da terra.
Você vê que eu estou
cavando e aqui em cima a terra é mais seca; agora, esta outra parte, é mais
molhada, e agora já está saindo uma parte mais densa, mais dura – respondeu o
menino, mostrando a terra a Oko. - Continue a cavar – falou OkO. Mas enquanto o
menino estava cavando, a madeirazinha que ele estava usando quebrou. Ele aí
pelejou, esfregou no chão, e fez uma ponta na madeira. O menino estava
descobrindo naquele momento uma ferramenta na hora em que ele raspou a madeira
no chão. E com ela ele recomeçou a cavar juntos e tiraram uma lasca dessa
terra, que era a pedra. Oko disse:- Vamos fazer algo para a gente cavar a
terra. Vamos ver se conseguimos qualquer coisa com aquela lasca de pedra.O
molequinho continuou a trabalhar e Oko lhe disse:
- Eu vou me embora, você
veja se sozinho consegue pensar em algo mais útil para nós trabalharmos.E foi
embora, foi embora, foi embora. Foi andando e matutando pelo caminho.No outro
dia quando Oko voltou, o molequinho estava com o fogo aceso e com vários
pedaços daquela pedra de fogo. Quando o moleque fez aquele fogo, ele fez também
um canal saindo de dentro do fogo.
No que as tais pedras iam
de derretendo iam escorrendo e o menino ia formando lâminas. Assim foi criado o
ferro. E sabe quem era esse molequinho? Era Ogum, o criador do ferro. Daí em
diante, Orixá Oko, o grande rezador e plantador, com suas idéias sobre
plantação, colheita e lavoura , e Ogum, com as suas ferramentas para ajudar a
cavar a terra, o arado, o machado, a foice e a enxada, continuaram a trabalhar
juntos nas plantações que têm grande importância na criação do mundo.
Fonte: Candomblé é pra quem tem Fé
Abraços
3 comentários:
Apesar de pouco conhecido, Orixá Okô ainda é cultuado no Brasil, é considerado um dos Orixás Funfun. Seus fundamentos foram preservados sobretudo no secular Ilé Axé Mariolajé (Alaketu), sua mais eminente sacerdotisa é a neta carnal da celebre Yalorixá Olga Francisca Regis, Olga do Alaketu(Oyá Funmi).
No livro, A Comida de Santo Numa Casa de Queto da Bahia, Mãe Olga nos deixou, breves, mas preciosas, informações sobre a gastronomia litúrgica de Orixá Okô.
E já que estamos falando sobre Orixá Okô, não podemos deixar de fazer referências a seu irmão, Orixá Agbalá, ou Babá Ajágbalá. Igualmente Funfun, Agbalá é o protetor da parte interior das residências, onde há santuários voltados ao culto as divindades. Ao contrário do seu irmão, é um jovem guerreiro. Representa a energia que se desprende dos campos de batalha. Seu culto é praticamente inexistente no Brasil, contudo existem sacerdotes que conhecem seus fundamentos.
Alguns o associam a Ogum Já, e outros a Obaluaiê Jagum. Mas tratasse de um Orixá Independente.
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