Onilê é um Orixá que
representa a base de toda a vida, a Terra-Mãe, tanto na vida como na morte, se
caracteriza por ser o princípio e representação coletiva dos elegun e Egungun.
é o primeiro a receber as oferendas e a ser evocado nos ritos dos sacrifícios.
Todo terreiro possui o acento de Onilé, um deles pode ser observado no centro
do Barracão de (candomblé), denominado como o fundamento da casa ou
simplesmente Axé da casa, onde todos sabiamente reverenciam este local. Também
chamado pelo "Povo de santo" de Oluaye, Aiyê, Ilê e Sakpatá.
Em algumas tradições,
Onilé é uma divindade feminina, representa a Mãe Terra (onde acolhe os
ancestrais), Egungun. Conta-se que quando Olorum reuniu os orixás para dividir
o poder sobre a criação entre eles, uma de suas filhas, Onilé, escondeu-se sob
a terra. E acabou ganhando por este motivo poder e autoridade sobre ela. A
primeira parte de todos os sacrifícios de (Ejé) sangue é sempre derramada sobre
a terra, independente de para qual entidade ou divindade seja o sacrifício,
este gesto é uma forma de lembrar e reconhecer o poder de Onilé. Tudo vem da
terra e a ela retorna.
Culto a Onilê
Cultuada em terreiros da
Bahia e em candomblés africanizados, a Mãe Terra desperta curiosidade e
interesse entre os seguidores dos orixás, sobretudo entre aqueles que compõem
os seguimentos mais intelectualizados da religião. Onilé é assentada num
montículo de terra vermelha e acredita-se que guarda o planeta e tudo que há
sobre ele, protegendo o mundo em que vivemos e possibilitando a própria vida.
Na África, também é chamada Aiê e Ilê, recebendo em sacrifício galinhas,
caracóis e tartarugas (Abimbola, 1977: 111). Onilé, isto é, a Terra, tem muitos
inimigos que a exploram e podem destruí-la. Para muitos seguidores da religião
dos orixás, interessados em recuperar a relação orixá-natureza, o culto de
Onilé representaria, assim, a preocupação com a preservação da própria
humanidade e de tudo que há em seu mundo.
Onilê era a filha mais
recatada e discreta de Olodumare. Vivia trancada em casa do pai e quase ninguém
a via. Quase nem se sabia de sua existência. Quando os orixás seus irmãos se
reuniam no palácio do grande pai para as grandes audiências em que Olodumare
comunicava suas decisões, Onilé fazia um buraco no chão e se escondia, pois
sabia que as reuniões sempre terminavam em festa, com muita música e dança ao
ritmo dos atabaques. Onilé não se sentia bem no meio dos outros. Um dia o
grande deus mandou os seus arautos avisarem: haveria uma grande reunião no
palácio e os orixás deviam comparecer ricamente vestidos, pois ele iria
distribuir entre os filhos as riquezas do mundo e depois haveria muita comida,
música e dança. Por todo os lugares os mensageiros gritaram esta ordem e todos
se prepararam com esmero para o grande acontecimento. Quando chegou por fim o
grande dia, cada orixá dirigiu-se ao palácio na maior ostentação, cada um mais
belamente vestido que o outro, pois este era o desejo de Olodumare. Iemanjá
chegou vestida com a espuma do mar, os braços ornados de pulseiras de algas
marinhas, a cabeça cingida por um diadema de corais e pérolas, o pescoço
emoldurado por uma cascata de madrepérola. Oxóssi escolheu uma túnica de ramos
macios, enfeitada de peles e plumas dos mais exóticos animais. Ossaim vestiu-se
com um manto de folhas perfumadas. Ogum preferiu uma couraça de aço brilhante, enfeitada
com tenras folhas de palmeira. Oxum escolheu cobrir-se de ouro, trazendo nos
cabelos as águas verdes dos rios. As roupas de Oxumarê mostravam todas as
cores, trazendo nas mãos os pingos frescos da chuva. Iansã escolheu para
vestir-se um sibilante vento e adornou os cabelos com raios que colheu da
tempestade. Xangô não fez por menos e cobriu-se com o trovão. Oxalá trazia o
corpo envolto em fibras alvíssimas de algodão e a testa ostentando uma nobre pena
vermelha de papagaio. E assim por diante. Não houve quem não usasse toda a
criatividade para apresentar-se ao grande pai com a roupa mais bonita. Nunca se
vira antes tanta ostentação, tanta beleza, tanto luxo. Cada orixá que chegava
ao palácio de Olodumare provocava um clamor de admiração, que se ouvia por
todas as terras existentes. Os orixás encantaram o mundo com suas vestes. Menos
Onilé. Onilé não se preocupou em vestir-se bem. Onilé não se interessou por
nada. Onilé não se mostrou para ninguém. Onilé recolheu-se a uma funda cova que
cavou no chão. Quando todos os orixás haviam chegado, Olodumare mandou que
fossem acomodados confortavelmente, sentados em esteiras dispostas ao redor do
trono. Ele disse então à assembléia que todos eram bem-vindos. Que todos os
filhos haviam cumprido seu desejo e que estavam tão bonitos que ele não saberia
escolher entre eles qual seria o mais vistoso e belo. Tinha todas as riquezas
do mundo para dar a eles, mas nem sabia como começar a distribuição. Então
disse Olodumare que os próprios filhos, ao escolherem o que achavam o melhor da
natureza, para com aquela riqueza se apresentar perante o pai, eles mesmos já
tinham feito a divisão do mundo. Então Iemanjá ficava com o mar, Oxum com o
ouro e os rios. A Oxóssi deu as matas e todos os seus bichos, reservando as
folhas para Ossaim. Deu a Iansã o raio e a Xangô o trovão. Fez Oxalá dono de
tudo que é branco e puro, de tudo que é o princípio, deu-lhe a criação. Destinou
a Oxumarê o arco-íris e a chuva. A Ogum deu o ferro e tudo o que se faz com
ele, inclusive a guerra. E assim por diante. Deu a cada orixá um pedaço do
mundo, uma parte da natureza, um governo particular. Dividiu de acordo com o
gosto de cada um. E disse que a partir de então cada um seria o dono e
governador daquela parte da natureza. Assim, sempre que um humano tivesse
alguma necessidade relacionada com uma daquelas partes da natureza, deveria
pagar uma prenda ao orixá que a possuísse. Pagaria em oferendas de comida,
bebida ou outra coisa que fosse da predileção do orixá. Os orixás, que tudo
ouviram em silêncio, começaram a gritar e a dançar de alegria, fazendo um
grande alarido na corte. Olodumare pediu silêncio, ainda não havia terminado. Disse
que faltava ainda a mais importante das atribuições. Que era preciso dar a um
dos filhos o governo da Terra, o mundo no qual os humanos viviam e onde
produziam as comidas, bebidas e tudo o mais que deveriam ofertar aos orixás. Disse
que dava a Terra a quem se vestia da própria Terra. Quem seria? perguntavam-se
todos? "Onilé", respondeu Olodumare. "Onilé?" todos se
espantaram. Como, se ela nem sequer viera à grande reunião? Nenhum dos
presentes a vira até então. Nenhum sequer notara sua ausência. "Pois Onilé
está entre nós", disse Olodumare e mandou que todos olhassem no fundo da
cova, onde se abrigava, vestida de terra, a discreta e recatada filha. Ali
estava Onilé, em sua roupa de terra. Onilé, a que também foi chamada de Ilê, a
casa, o planeta. Olodumare disse que cada um que habitava a Terra pagasse
tributo a Onilé, pois ela era a mãe de todos, o abrigo, a casa. A humanidade
não sobreviveria sem Onilé. Afinal, onde ficava cada uma das riquezas que
Olodumare partilhara com filhos orixás? "Tudo está na Terra", disse
Olodumare. "O mar e os rios, o ferro e o ouro, Os animais e as plantas,
tudo", continuou. "Até mesmo o ar e o vento, a chuva e o arco-íris, tudo
existe porque a Terra existe, assim como as coisas criadas para controlar os
homens e os outros seres vivos que habitam o planeta, como a vida, a saúde, a
doença e mesmo a morte". Pois então, que cada um pagasse tributo a Onilé, foi
a sentença final de Olodumare. Onilé, orixá da Terra, receberia mais presentes
que os outros, pois deveria ter oferendas dos vivos e dos mortos, pois na Terra
também repousam os corpos dos que já não vivem. Onilé, também chamada Aiê, a
Terra, deveria ser propiciada Sempre, para que o mundo dos humanos nunca fosse
destruído. Todos os presentes aplaudiram as palavras de Olodumare. Todos os
orixás aclamaram Onilé. Todos os humanos propiciaram a mãe Terra. E então
Olodumare retirou-se do mundo para sempre e deixou o governo de tudo por conta
de seus filhos orixás[1]. Cultuada discretamente em terreiros antigos da Bahia
e em candomblés africanizados, a Mãe Terra desperta curiosidade e interesse
entre os seguidores dos orixás, sobretudo entre aqueles que compõem os
seguimentos mais intelectualizados da religião. Onilé é assentada num montículo
de terra vermelha e acredita-se que guarda o planeta e tudo que há sobre ele,
protegendo o mundo em que vivemos e possibilitando a própria vida. Na África,
também é chamada Aiê e Ilê, recebendo em sacrifício galinhas, caracóis e
tartarugas (Abimbola, 1977: 111). Onilé, isto é, a Terra, tem muitos inimigos
que a exploram e podem destruí-la. Para muitos seguidores da religião dos
orixás, interessados em recuperar a relação orixá-natureza, o culto de Onilé
representaria, assim, a preocupação com a preservação da própria humanidade e
de tudo que há em seu mundo...
Abraços
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